Homilia Semanal | XXIII Semana do Tempo Comum

                                                 

                            DOM MARLINDO Card. ARAÚJO

Pregador da Metrópole
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Homilia Semanal
para a XXIII Semana do Tempo Comum
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A liturgia do XXIII Domingo do Tempo Comum pode ser acessada clicando aqui.

Estimados irmãos e irmãs em Cristo, Paz e Bem!

A liturgia deste domingo nos convida a olhar para a profundidade da nossa fé, para a seriedade da nossa resposta ao chamado de Jesus. E, ao mesmo tempo, nos enche de alegria ao percebermos como a nossa Igreja está dando frutos, especialmente no florescimento de vocações e no crescimento de nosso clero.

A primeira leitura, do Livro da Sabedoria, nos recorda que os desígnios de Deus não podem ser compreendidos apenas pela força de nossa razão humana. Nossa inteligência é limitada, nossos pensamentos são frágeis, mas é o Espírito Santo quem nos conduz ao caminho da vida. E é justamente este Espírito que continua agindo em nossa Arquidiocese, suscitando novos ministros, novos servidores do Evangelho, novos sinais da presença de Cristo. Ver jovens e adultos se entregando à vocação sacerdotal, religiosa ou diaconal é perceber que Deus continua iluminando os caminhos da Igreja com a sua Sabedoria.

O salmo nos leva à confiança: “Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós”. Se olharmos para trás, veremos que Deus sempre sustentou nossa caminhada, mesmo nas noites escuras e nos momentos de fraqueza. E hoje Ele nos permite colher frutos. Esses frutos não nascem de nós mesmos, mas da graça que sustenta a Igreja e a mantém fecunda, apesar de nossas limitações humanas.

Na segunda leitura, Paulo fala de Onésimo, um escravo tornado irmão na fé. É bonito ver como a graça de Deus transforma as relações: o que antes era escravidão, torna-se fraternidade; o que antes era domínio, torna-se comunhão. Assim também é com as vocações que brotam: não são apenas funções ou cargos na Igreja, mas irmãos que, pelo chamado de Deus, se colocam como servidores para todos. A vocação é dom para a comunidade, não privilégio de poucos.

O Evangelho é, talvez, a parte mais exigente: Jesus fala claramente que ser seu discípulo implica desapego e cruz. Não basta segui-lo de forma superficial ou por entusiasmo passageiro. É preciso calcular os gastos, isto é, ter consciência de que o seguimento de Cristo exige entrega radical. Aqui está o segredo do discipulado: renunciar ao que prende, para viver a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.

Irmãos e irmãs, nesta etapa bonita de nossa Arquidiocese, em que vemos frutos no clero e sinais de esperança, o Senhor nos convida a não nos acomodarmos. O crescimento vocacional que experimentamos é um sinal de que a Igreja está viva, mas também um chamado a todos: leigos, consagrados, ministros ordenados, a viver com alegria e responsabilidade a fé que professamos.

Sim, há cruzes, há renúncias, há lutas. Mas há também a alegria de ver o Reino florescendo em nosso meio. Hoje o Senhor nos pede coragem: coragem de renunciar ao supérfluo, de carregar a cruz, de viver a humildade e a mansidão que tornam fecundos os nossos trabalhos. E pede também alegria: alegria de perceber que o Espírito Santo continua agindo e que a Igreja de Cristo, em nossa Arquidiocese, caminha firme e dá frutos.

Que a Virgem Maria, modelo de humildade e fidelidade, nos ensine a viver este discipulado com perseverança e alegria. Que possamos, como comunidade, continuar a acolher e cuidar das vocações que o Senhor nos concede, para que estes primeiros frutos se multipliquem e alimentem todo o Povo de Deus.

+Cardeal Araújo

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